Um Monte no Interior Algarvio
Mais uma praia fluvial para o concelho
Movimento Pró Alcoutim
No almoço inaugural, realizado naquela vila algarvia, no passado 21 de janeiro, foi aprovado e assinado o manifesto fundador onde se especificam os objectivos que o grupo toma por orientação e as ações que pretende realizar.
No texto, o grupo lembra que o Censos 2011 revelou que o concelho de Alcoutim “perdeu um quarto da população nos últimos dez anos”, existindo razões “para recear que esta sangria continue”.
“Os fenómenos do envelhecimento e da desertificação que a provocaram podem mesmo ser agravados pela presente política de contenção orçamental e outras medidas de austeridade em curso. Até onde? Para quem gosta de Alcoutim, esta ameaça é alarmante e inaceitável”, consideram.
Os últimos anos não trouxeram quaisquer projetos de desenvolvimento económico local, “capazes de criar postos de trabalho, garantir emprego, fixar e atrair população”, salientam, enquanto as “poucas” iniciativas que apareceram se depararam “com tantos obstáculos e exigências burocráticas da parte de organismos centrais”, em especial dos ligados ao ambiente e ao ordenamento, que os investidores acabaram por desistir.
Até a ponte Alcoutim-Sanlúcar do Guadiana, acrescentam, que podia contribuir para “atenuar a situação extremamente periférica e de «fim da linha» em que o concelho se encontra”, acabou por ser retirada das agendas oficiais de Portugal e Espanha, “por razões economicistas, ao que se diz, mas verdadeiramente por falta de vontade política”.
As quase cinco dezenas de personalidades que assinam o documento e integram o grupo Pró Futuro de Alcoutim pretendem dar o seu “contributo” para “ajudar a modificar” este panorama.
O objetivo passa por “trabalhar para a promoção de Alcoutim” em todas as áreas onde possam exercer influência, nomeadamente comunicação social, turismo, economia, negócios e cultura, criando parcerias com outras instituições e localidades com quem possam trocar diferentes actividades culturais.
As personalidades disponibilizam-se para, “em conjugação” com os órgãos autárquicos, as associações e os partidos políticos, “exercerem pressão junto das estâncias políticas e administrativas centrais e regionais, seja para contrariar medidas adversas para o concelho, seja para acelerar medidas que o favoreçam."
Notícia originalmente publicada em:
ALCOUTIM, no Jornal "O Século", 1970, por João Baltazar Guerreiro


1º Concurso Nacional “Aromas e Sabores com Figo-da-Índia” - Martim Longo
Idosos com dignidade?
- A minha avó Isabel, por Odília Guerreiro
Sempre a conheci assim, de negro vestida. Enviuvou antes de eu nascer e, posteriormente, perdeu o filho mais novo, o meu tio Vanderdil, com 35 anos de idade. Cem anos vivesse que sempre de preto se vestiria. O preto simbolizava a dor, a ausência, a saudade dos que haviam partido...marido e filho.Quando era miúda adorava dormir com a minha avó, bem aconchegada a ela, aquecidas com as mantas de montanheco/de pura lã de ovelha e tecidas lá em casa no velho tear do meu avô Baltasar. Lembro-me dos Invernos ventosos, da chuva a bater nos telhados, das histórias de vida que me contava enquanto o sono não chegava.Contava-me que o meu avô assinava um jornal que chegava ao monte pelo correio. Depois de passada a palavra de que o jornal chegara, toda a vizinhança confluía para o Castelo (era assim que se chamava a zona mais alta do monte) onde os meus avós moravam.Mais tarde, seria outro o meio de comunicação que traria as pessoas ao castelo... um rádio comprado pelo meu pai, receptor de notícias faladas, sinal da evolução dos tempos.
Quando, anos mais tarde, fomos morar para Alcoutim e regressávamos ao monte, em visita, lembro-me de a ver, sempre, no canto do muro do quintal esperando por nós... Quando o carro passava a portela, os seus excelentes ouvidos davam conta e ela apressava-se a ir ao sítio onde a minha mente, mil vezes a visualiza... para ver se seriam os seus. Guardo esta imagem como se fosse ontem...
Publicado por Odília Guerreiro in http://moura-do-castelo-velho.blogspot.com/
- Fim-de-semana à vista!
Vamos fazer novamente o Percurso do Viçoso de bicicleta, pois da última vez perdemo-nos e não o completámos, apesar de termos dado uma volta ainda maior... :)
- Festa na vila
- O velho eucalipto
- Sentadas no paial
- A mercearia chega ao monte
- Percurso "Memória Viva" - Martim Longo
Saímos do monte, depois de um pequeno almoço reforçado (papas de aveia com maçã), em direcção a Martim Longo, o percurso começa na rotunda que fica mesmo no centro, seguindo para a saída da vila em direcção a Diogo Dias.
Antes ainda fizémos uma paragem no Restaurante-café Monte Branco, à entrada de Martim Longo, pois já tinhamos feito 10km desde Alcaria Alta...
Fomos até à rotunda inicial e seguimos por dentro da aldeia até à sua saída, por uma estrada de terra batida e passando entre dois muros de pedra que pareciam bastante antigos. Seguimos por montes verdejantes e coloridos de flores diversas, ribeirinhos a correr, ruínas, até chegar à povoação do Silgado. Aqui parámos um pouco para descansar, após uma grande subida, junto a um pastor que guardava ovelhas, o sr. Manuel de Brito. Perguntou-nos se éramos professores, se "dávamos escola" ali em Martim Longo pois, pelos vistos, os professores é que costumam usar o percurso para andar de bicicleta e fazer caminhadas.
Seguimos viagem apanhando um pouco da estrada alcatroada que passa no Silgado, mas virámos logo por um caminho de terra batida. Passados umas centenas de metros perdemo-nos um bocado, pois o caminho do percurso seguia por um pequeno barranco que estava cheio de silvas. Um pouco mais à frente acabámos por encontrar de novo o caminho certo, mas poderíamos ter-nos perdido a sério...
O sr. Manuel de Brito tinha-nos dito que há uns tempos, quando ali passou o rali, fizeram cair uma placa de sinalização do percurso e ele é que a tentou pôr de pé, uma vez que a base já estava podre... No dia seguinte, no posto de turismo de Alcoutim, ficámos a saber que aquele (e alguns outros percursos do concelho) não são oficiais, pois não foram aprovados pela Federação de Campismo e Caravanismo, Secção de Pedestrianismo. Oficiais ou não, nós gostamos deles na mesma, mas seria conveniente que tivessem alguma manutenção.
Passado um bocado apercebemo-nos que estávamos a fazer a segunda parte do percuso no sentido contrário ao que vinha no mapa, pois demos connosco a chegar à Barrada, quando deveríamos estar a chegar a Diogo Dias. Não nos importámos muito com isso, uma vez que o percurso tem uma forma aproximada do número 8, quando voltássemos a passar no Silgado, só teríamos de segir em direcção a Martim Longo.
Continuámos a apreciar a paisagem bucólica com a Primavera a despontar a cada monte, passámos por Azinhal, por ruínas de moinhos de vento e chegámos a Diogo Dias, onde um senhor nos indicou o caminho a seguir, enquanto cortava um pedaço de chouriço em cima de um naco de pão. Demos connosco novamente no Silgado e, depois de mais uns dedos de conversa com o sr. Manuel de Brito, seguimos em direcção a Martim Longo e, de seguida, a Alcaria Alta. Fizémos um total de 35km.
Percursos do concelho de Alcoutim (pdf)
Percurso "Memória Viva" (pdf)
- Passeio à Portela
Os últimos dias passados em Alcaria Alta foram, talvez, os últimos dias deste Inverno que teima em partir... Apesar de a previsão meteorológica não ser favorável, decidimos ir na mesma. Só para mudar de ares, ir para o sossego e para o ar puro, já vale a pena.
Depois de um Inverno tão chuvoso, a Primavera já quer espreitar e por todo o lado se vêem campos repletos de verde e de flores multicolores.
Fomos novamente à aldeia da Silveira, onde já tínhamos estado, há uns meses atrás, de bicicleta.
Continuámos o passeio e fomos dar com outra aldeia abandonada: a Portela.
Passeámos pela aldeia, que tem duas ruas paralelas, com casinhas de um lado e doutro, muitas já sem telhado, algumas ainda fechadas... Tirámos fotos curiosas. É mais uma das já muitas (e cada vez mais) aldeias que sofreram com a desertificação do interior algarvio. A Portela já não será habitada já há várias décadas, pois nem um poste de electricidade se vê para aquelas bandas...
- Tio Virgílio

Esta foto foi tirada no passado mês de Agosto. Que descanse em paz...
- Miaaaa-hu! = Liberdade!
No último dia, como íamos sair antes da hora do almoço e não queríamos correr o risco de ter de andar algumas horas à procura delas, não as deixámos sair. E foi vê-las, com um ar triste e melancólico, à janela, a ver-nos a carregar o carro para a viagem até casa...
- Percurso "Caminhos da Fonte" - Pereiro
Ao sair da Silveira passámos por um grande rebanho de ovelhas e seguimos o caminho do percurso que leva de novo até ao Pereiro. No entanto, antes de chegarmos a esta aldeia, fizémos um desvio à direita e seguimos em direcção a Alcaria Alta, num caminho paralelo à Estrada Nacional 124. No total fizémos cerca de 30 km, de subidas e descidas, por montes e vales.
Informações:
- Lontras na Ribeira do Vascão

Há uns dias recebi um email de um admirador das paisagens do interior algarvio e alentejano, João Paulo Galacho, que, num passeio de bicicleta, teve o privilégio de ver uma lontra na Ribeira do Vascão e de lhe tirar algumas fotos. Ao pesquisar sobre a Ribeira do Vascão na net encontrou este blog e teve a amabilidade de me escrever a contar o facto e ainda de enviar algumas fotografias, que deste modo agradeço e aqui publico. Já que este blog foi uma referência do motor de pesquisa sobre a Ribeira do Vascão, conta agora com mais um contributo na divulgação deste património natural.


Fotos de João Paulo Galacho
- A roca de fiar
- João Baltazar Guerreiro
O sr. José Varzeano, no seu blog Alcoutim Livre, publicou um artigo sobre um alcoutenejo nascido em Alcaria Alta, João Baltazar Guerreiro. Apesar de ser o meu avô, desconhecia alguns interessantes aspectos que foram referidos, nomeadamente o de ter sido correspondente do jornal O Século, de entre tantas outras ocupações que teve. Obrigado pela homenagem das suas palavras:
O cachimbo e as fumaças caracterizavam o seu porte. Vestia sempre fato completo.
Conheci-o logo que cheguei à vila de Alcoutim em 1967. Já lá vão uns bons anos!
Era natural do concelho, mais propriamente do monte de Alcaria Alta, onde nasceu em 1926.
É na sede da sua freguesia, a aldeia de Giões, que faz a 4ª classe sendo sempre bom aluno.
As dificuldades em todo o país eram muitas e em Alcoutim, pelo que se conhece, ainda era pior. Poucos conseguiam fugir da ocupação agrícola ou do pastoreio para a casa ou para o patrão.
Quem possuía uma arte já estaria um pouco melhor mas a diferença não era muita. João Guerreiro aprendeu com os pais a arte de tecelão. Teciam linho com que se faziam toalhas de rosto, lençóis, colchas, etc. A lã dava origem a belíssimos cobertores e mantas, entre outras peças.
Nesta altura a freguesia de Giões era a mais têxtil do concelho com teares rudimentares espalhados por todos os montes, havendo igualmente na aldeia grande actividade nesta arte artesanal como já tenho tido oportunidade de referir noutras ocasiões.
Depois, como pessoa sempre interessada em saber coisas novas, aprende a técnica da destilação e instalou um alambique no monte natal onde destila principalmente medronho e figo.
Pelos 24 anos procura companheira, com quem casa e foi buscar a um monte relativamente perto, mas da freguesia de Vaqueiros. Foi a mãe de seus filhos e um pilar onde sempre se apoiou.
Chegou à Vila de Alcoutim para tomar posse do lugar de Aferidor de Pesos e Medidas da Câmara Municipal o que veio a acontecer em 21 de Julho de 1952 e onde vencia uma ridícula importância mensal. Verdade seja que não cumpria o horário normal do funcionalismo, pois não ganhava para isso por um lado e o trabalho igualmente não o justificava. Ia à Câmara quando era preciso e não mais.
Tinha contudo o serviço anual de aferição que se realizava no princípio do ano, se não estou em erro e que naturalmente efectuava percorrendo todo o concelho.
Deslocava-se diariamente de Alcaria Alta, à vila e só por volta de 1958 se fixou na sede do concelho com a família. Monta entretanto uma pequena relojoaria, consertando e vendendo relógios em nome da esposa já que como funcionário não a podia possuir. Isso acontece numa pequena casa situada na Rua Portas de Mértola e onde paga 60$00 de renda.
Cerca de um ano depois muda-se para a Rua do Município onde é hoje o Bar Miragem e parte do Minimercado Soeiro, onde igualmente fixa residência.
Tendo sido posto em venda o edifício comercial que foi desde tempos imemoriais a chave do comércio da vila, sendo no século XIX propriedade da Família Torres, passando depois para a Família Serafim, foi a esta que João Baltazar Guerreiro o adquiriu.
Como já aqui informei, numa pequena divisão que tinha porta para a Rua Dr. João Dias, montou um pequeníssimo café com duas ou três mesas e em que a máquina só tirava um café de cada vez.
O Café veio pouco tempo depois a motivar toda a reorganização do espaço comercial, pois foi o ramo que passou a ocupar maior espaço, já com uma máquina moderna e com dez ou doze mesas.
Se não estou em erro, pertenceu a João Baltazar Guerreiro, que usava muito na escrita e na palavra JBGuerreiro, a iniciativa de mostrar a televisão acabada de chegar, o que não era fácil devido a muitos condicionalismo, que já aqui referi, de ordem técnica e geográfica. Funcionava nessa altura na parte alta da vila, na Rua D. Sancho II, em casa que foi de Leopoldo Martins um aparelho de TV, havendo cadeiras para as pessoas se sentarem, pagando-se por isso 1$00 que revertia a favor da Santa Casa da Misericórdia. A imagem era naturalmente muito deficiente mas mesmo assim tinha sempre casa cheia.
Fui lá duas ou três vezes, uma delas para ver o famoso Zip Zip, com Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz. A instalação deste aparelho teve por base o interesse e desenvolvimento de JBGuerreiro.
Numa destas tarefas, vieram jantar à vila para depois continuar a sessão. Por precaução, decidiram tapar o gerador com uma serapilheira. Ao regressarem para continuar o trabalho, como o motor estava quente, a saca ardeu queimando a máquina. Ficou realizada a sessão da noite!
João Guerreiro teve sempre tendências para estas coisas: relógios, máquinas fotográficas, rádios, televisores, fogões, etc.
Tinha também outros interesses, talvez menos conhecidos e de que eu me apercebi com alguma admiração. Gostava de saber as coisas do passado, interessava-se pela história, arqueologia, pelas lendas, pelos monumentos, velhas minas, etc. e algumas pistas sobre determinados assuntos foram-me dadas por ele.
Como já aqui referi foi na sua mão que vi pela primeira vez uma parte do livro do Visconde de Sanches de Baêna, Famílias Nobres do Algarve, 1900, que eu então desconhecia completamente. Mostrou-me também um código de justiça que penso ser do começo do período liberal e outras velharias que agora não posso precisar.
Não era fácil encontrar nessa altura na vila uma pessoa que se interessasse por estes assuntos.
Era no seu estabelecimento comercial, por deferência do casal Guerreiro, que para o efeito me mandavam chamar e que eu ia atender as chamadas da minha então namorada.
Os telemóveis estavam ainda muito distantes!
Era um “bon vivant”, adorando um petisco com os amigos e que tinha muitas vezes lugar na rua, frente à porta do primitivo café. Tudo servia para a petisqueira para se beber um copo e onde nunca faltava, porque também era admirador, as cantorias, ora os cantares alentejanos que praticava, ora o fado tanto de Lisboa como de Coimbra, conforme os convivas se ajeitavam e havia sempre quem fizesse uma perninha. Isto por vezes entrava pela noite dentro, com os naturais protestos da D. Cesaltina.
João Guerreiro era um homem solidário e não me esqueço que em 1970 quando fui levar a minha mulher para nascer o meu filho, no regresso, nas descidas da ponte da Foupana, saltou uma roda ao táxi e se nada de grave aconteceu, foi porque não calhou.
Tendo-se sabido isto na vila, João Guerreiro meteu-se no carro com o Dr. João Dias e foram ao nosso encontro para o que fosse necessário. Encontrámo-nos ao Celeiro. Nunca me esqueci disto.
Em conversas recatadas, mostrou sempre a sua discordância com o regime político vigente.
Foi correspondente do jornal diário O Século.
Em 1972 e após a saída do Dr. João Lopes Dias, de quem era amigo, para S. Brás de Alportel, resolveu pedir a sua transferência para a Câmara Municipal de Loulé, onde já tinha um vencimento compatível e possibilidades para os filhos continuarem os estudos.
Aqui se reformou em 1990, tendo falecido nove anos depois.
A última vez que com ele contactei foi no Convívio de Naturais do concelho de Alcoutim na Amora, penso que em 1986, onde me desloquei a convite da organização e onde ele tinha ido também com o Dr. João Dias.
Recordar aqui este alcoutenejo é uma pequena e justa homenagem que lhe prestamos.
Nota Breve
Agradeço à Família, nomeadamente a sua filha Odília e viúva D. Cesaltina, a colaboração prestada."
- Festa de Alcoutim

Programação completa no cartaz acima publicado. Clique na imagem para visualizar num formato maior.