- A mercearia chega ao monte


Numa tarde em que estávamos em Alcaria Alta, passei por casa da prima Claudina, que estava sentada à porta, com a Ti Etelvina e a prima Maria Teixeira. Estávamos na conversa, quando se ouviu uma carrinha a apitar alto e bom som. "Aí está a mercearia!"
Explicaram-me que era um "rapaz" que vinha às Quintas-feiras, de quinze em quinze dias, com uma carrinha que trazia muitas mercearias. Fui num instante a casa buscar a carteira e dirigi-me também à mercearia. Tratava-se de uma carrinha grande, com prateleiras carregadas e diversos produtos expostos. Foram-se aproximando outras pessoas do monte, para fazer as suas compras e, à medida que iam sendo atendidas, iam refilando dos preços e do senhor estar cada vez mais careiro...
Entretanto, chegou a minha vez e pedi dois saquinhos de biscoitos secos, uns de amêndoa e outros de sésamo, e um queijinho de cabra fresco, que estava num tabuleiro cheio deles com muito bom aspecto. Paguei a "módica" quantia de 5,40€ e apercebi-me bem do que estes produtos são inflacionados... Um simples pacote de manteiga, que custou à tia Etelvina 2,35€, reparei, uns dias mais tarde custar no Modelo de Albufeira 1,75€, ou seja, menos 60 cêntimos!
É óbvio que aquele senhor não pode praticar os preços de uma grande superfície comercial, mas não serão sessenta cêntimos num pacote de manteiga, um exagero...?
A Prima Claudina suspirou, dizendo que "se não fosse o que eles nos dão todos os meses, a gente não se governava...", como que a dar graças pelos duzentos e tal euros que o seu país lhe dá, depois de ter passado uma vida inteira a trabalhar.
Não basta o isolamento a que estas pessoas são votadas, não basta estarem no lote dos pensionistas com as pensões mais baixas, ainda sofrem a inflacção como ninguém...

5 comentários:

  1. Até que podia ser um Blog muito interessante, especialmente para quem está ligado a Alcaria Alta! Mas como não é actualizado perde a sua eficácia, tornando-se um mero objecto pessoal de entretenimento :( Dão-se alvíssaras a quem encontrar a dona!

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  2. Caro anónimo,
    agradeço o seu comentário, mas poderia ter-se identificado...
    Como não vivo em Alcaria Alta e já não vou lá há alguns meses, não tenho matérias para publicar. No entanto, e como está especificado no blog, aceitam-se estórias, curiosidades ou acontecimentos sobre Alcaria Alta que possam ser aqui partilhados...
    cumprimentos
    Sandra

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  3. Boa tarde foi com desagrado que vi este comentario, pois mas a pessoa que refere que os precos estao inflacionados, esquece se e que nao fosse esse mesmo senhor essas pessoas nem sequer podiam comprar muitos produtos essenciais ao sua vida. Contudo o facto de o senhor chegar a aldeia que estao no isolamento representa custos, custos esses que maior parte das pessoas desconhece; gasoleo, custo da viatura, custo com o frio da viatura, seguros entre muitos outros. Lembro tambem estas maravilhosas pessoas que vivem na aldeia tem familia, familia essa que so se lembra deles um vez por ano quando os vao visitar e ainda por cima trazem o carro cheio de coisas que lhe dao(das hortas das galinhas... etc.).
    Desculpem o desabafo, mas como eu sou filho de gente da terra e sempre tive imenso carinho por essas pessoas, revolta me quando alguem que ate lhe consegue levar um bocadinho de civilizacao e logo criticado, e o que deviam (filhos) estao se a "borrifar" para eles.

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  4. Caro anónimo,
    Compreendo perfeitamente os gastos que os vendedores têm ao deslocarem-se às aldeias e, como refiro no texto, seria impossível praticar os preços que praticam os grandes supermercados. Obviamente que os preços têm de ser superiores mas continuo a achar que são realmente um pouco superiores ao que deviam. Aquelas pessoas têm reformas de 200 e poucos euros e os vendedores, apesar do seu louvável trabalho de levarem bens necessários àquela gente, também se aproveitam do facto de as pessoas estarem isoladas e de não terem alternativas. A concorrência é sempre favorável ao consumidor e o problema das pessoas das aldeias é não terem alternativa...
    O senhor defende o vendedor, eu defendo as pessoas... com todo o respeito pela sua opinião.
    Cumprimentos

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  5. A "prima Claudina" é minha tia (irmã da minha mãe) e, no blog, fala diversas vezes em João Baltazar Guerreiro cujo nome já ouvi várias vezes ao meu pai (mas não me recordo qual a ligação familiar, se é que ela existe). É sempre engraçado encontrar estas referências. :)
    Se quiser, entre em contacto comigo através do meu perfil.

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