ALCOUTIM, no Jornal "O Século", 1970, por João Baltazar Guerreiro

O Sr. José Varzeano, no seu Blog Alcoutim Livre, publicou este texto alusivo a Alcoutim, escrito pelo meu avô para o Jornal "O Século". Agradeço, desde já, a dedicatória.
Em 1970, como hoje em dia, Alcoutim "necessita de maiores atenções". Apesar de terem sido construídas estradas, escolas, lar de terceira idade, centro de saúde e de os serviços funcionarem melhor, o isolamento continua a fazer-se sentir com o decréscimo de população que na década de 70 andava pelos 9 mil habitantes e hoje em dia passa pouco dos 3 mil...


(PUBLICADO NO JORNAL DIÁRIO “O SÉCULO” PELO CORRESPONDENTE EM ALCOUTIM J.B.GUERREIRO EM DATA IMPPRECISA – 1970/71)



[JB Guerreiro]
ALCOUTIM – Tem este concelho uma população de cerca de 9000 habitantes, e o único médico que existia e prestava serviço de clínica geral, acabou por se retirar para outra localidade, onde com mais facilidade possa educar seus filhos, dando-lhe assim mais conforto.

Quanto ao ensino, ou melhor, à sua falta, é esse um dos factores mais importantes para ajudar o declínio da população, pois todas as pessoas , com ou sem condições, procuram instruir os seus filhos, notando-se este facto também na classe de funcionários e militares, os quais, em grande parte, recusam-se a permanecer aqui, desde que possam conseguir colocação em lugares onde existam estabelecimentos de ensino.

Solucionar-se-ia o problema com a criação de um ciclo preparatório e de um posto de Telescola , retendo-se esse pessoal na localidade por mais alguns anos.



[Alcoutim e Sanlúcar visto de Espanha. Foto de JBG (?)]


Por seu lado, pouco resta do pequeno comércio que em tempos existia, e o motivo deve-se somente às entidades responsáveis pela conclusão de uma estrada, a que apenas faltam construir cerca de 3 quilómetros, para que, assim deixe de ser beco como já se lhe chama.
Salienta-se, ainda, o encerramento da fronteira, a qual esteve aberta até à Guerra Civil de Espanha.
Por sua vez, são as paisagens do Guadiana, junto a Alcoutim, umas das mais belas do Algarve e pena é que ainda sejam desconhecidas do grande número de turistas que visitam esta província, e que as obras em curso, não se concluam.
Também por falta de um funcionário, a Estação dos Correios fecha, enquanto a única funcionária se desloca à Repartição de Finanças e Tesouraria da Fazenda Pública, a requerer selos, vales do correio e fazer entregas de fundos. O serviço de distribuição faz-se com grande atraso, pois o único carteiro-distribuidor, embora zeloso e rápido nos serviços, não consegue tratar dos serviços com a prontidão que se fazia quando eram dois funcionários. Os Correios Telecomunicações obrigam o mesmo carteiro a fazer a condução de malas num percurso de cerca de 150 metros a pé, com as malas às costas, diariamente. Aqueles serviço, passando a empresa privada, retiraram uma caixa receptora de correspondência na zona de comércio e das repartições, alegando terem de pagar mais uma hora diária ao carteiro. Existia um posto de telefone público naquela zona, mas foi, igualmente retirado, tudo isto com grandes prejuízos para o público e para o desenvolvimento da vila.

http://alcoutimlivre.blogspot.com/2011/10/alcoutim-necessita-de-maiores-atencoes.html

1 comentário:

  1. Além de correspondente do Jornal O Século, também era do Jornal Diário de Notícias e do Jornal Época.

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