- O mamarracho


A arquitectura tradicional das aldeias do interior algarvio caracteriza-se pelas construções em xisto caiadas de branco, pelas chaminés decoradas, pelas barras coloridas que emolduram as portas e janelas e, essencialmente, pelas construções térreas, com apenas um piso de tal forma baixo, que temos de nos curvar para transpor as portas.
Foi com grande surpresa que, há uns tempos atrás, me deparei com uma construção, lá para os lados do Reguengo, composta por rés-do-chão, primeiro e, como se não bastasse, segundo andar!
Eis que se ergueu, imponente, colada às outras pequenas casas por todos os lados, menos pela fachada...
Uma construção que veio descaracterizar completamente uma aldeia típica, cujas casas seguiam uma traça há muito instituída por aqueles que as foram construindo ao longo dos tempos. Infelizmente o mesmo tem acontecido noutros locais do concelho de Alcoutim, como pude constatar, recentemente, no Montinho das Laranjeiras. 
As casas destas aldeias só deviam ser restauradas de acordo com a sua construção original.
Duas questões se colocam: esta obra foi aprovada pela câmara ou foi feita sem nunca por ali ter passado um fiscal municipal? De qualquer forma, as coimas costumam compensar e a demolição raras vezes é posta em prática...
Devia ser seguido o exemplo de outros locais do interior do país que se têm esforçado por preservar o património das aldeias típicas, como é o caso do Programa das Aldeias do Xisto que engloba 24 aldeias de 14 concelhos da região centro.
Isto sim seria um exemplo a seguir, seria uma forma de promover o turismo local de um concelho desertificado que busca o desenvolvimento sustentável, mas que só o poderá ser se essa sustentação for feita com base na preservação do património.
Estive há uns dias em Alcaria Alta e pude constatar (valha-nos ao menos isso) que a dita construção foi pintada de branco com barras azuis. Do mal o menos, poderiam ter optado pelo salmão ou amarelo, como se tem visto no litoral, que também já teve dias mais brancos...

3 comentários:

  1. Então percebes o nosso choque quando tambem vimos essa construção este fim de semana, dois anos após a nossa estadia nos açores.
    Ficamos estupefactos! Quem permitiu essa barbárie?

    ResponderEliminar
  2. Pois, eu nem quero acreditar que a câmara permite este tipo de construções, prefiro pensar que foi feita clandestinamente. Não estou a ver os fiscais municipais a passearem pelos montes a ver o que se anda a fazer, se é que a CMA os tem... Até pode ter havido alguma denúncia, mas o que está feito, feito está. É triste...

    ResponderEliminar
  3. Olá,
    Eu também fiquei espantada com este mamarracho!!!
    Esta casa pequena que está na foto (com o mamarracho por de trás), é do irmão (Rosa Garcia) da minha sogra (Conceição Maria Rosa).
    Esta casita foi reconstruída após a morte do seu pai "Ti Zé Luis".
    Como é que foi possível ter-se aprovado uma obra destas?

    Ass:. Elizabete Garcia
    http://bloguedabecas2008.blogspot.com/

    ResponderEliminar